'Sou um Cara Delicado': Chris Evans mostra seu lado sensível em Amores Materialistas y2g4d
O Capitão América troca o uniforme de super-herói por um papel mais discreto no drama romântico da diretora Celine Song 1k4iz
Após entrar para o Universo Cinematográfico da Marvel, pode ser difícil voltar ao mundo dos atores sem dificuldades. Mas é exatamente isso que Chris Evans faz em Amores Materialistas. O novo drama romântico da roteirista e diretora Celine Song — o primeiro trabalho dela desde a estreia Vidas adas (2023), indicado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original — mostra Evans trocando o escudo do Capitão América pelo avental de garçom de eventos como John, um ator de teatro sem grana que vive de bicos para pagar as contas. 3e311p
O filme forma um triângulo amoroso entre John, sua ex-namorada Lucy (uma casamenteira de elite interpretada por Dakota Johnson, Madame Teia), e Harry, um pretendente rico e carismático vivido por Pedro Pascal (O Mandaloriano, 2019).
"O John é a personificação de todo um estilo de vida de artistas de teatro em Nova York," disse Song à Rolling Stone, por videochamada. "É alguém que nasceu pobre, cresceu pobre e tem uma certa amargura por isso — de uma forma que eu acho muito comovente."
Mas como ela chegou a um herói americano literal para interpretar esse azarado romântico?
"Existe uma certa 'mercadoria' associada ao Chris que muita gente vê primeiro, porque é a forma mais simples de entender um ator — como um objeto," diz Song. "Mas, quando conheci o Chris de verdade, vi que ele se encaixava perfeitamente no papel do John. Existe um lado dele que sempre foi John. Ele também já foi um ator em ascensão e entende essa realidade." Ela completa rindo: "Ele já teve colegas de quarto."
Evans agradeceu pela mudança de ritmo que o papel lhe proporcionou:
"É bom interpretar alguém com desafios e dificuldades que eu consigo entender, coisas humanas e cotidianas — em vez de consequências que envolvem o fim do mundo," diz ele. "A postura dele, as roupas, as coisas tangíveis que ajudam a dar vida ao personagem... É ótimo que seja flanela e moletom, e não uma armadura com escudo."
O que te atraiu em Amores Materialistas? 2q5v4a
O que a Celine faz muito bem é transformar diálogos simples em cenas visualmente especiais. Ela consegue fazer você sentir aquilo como se estivesse acontecendo na sua própria vida. Às vezes, coisas muito simples acontecem na vida e parecem profundas — mas, quando você tenta contar para um amigo, nunca é o mesmo. E isso vem do cuidado dela com o ritmo, o silêncio, a direção e a escrita. Tudo é muito contido e tem impacto.
Você se identificou com o John logo de cara ao ler o roteiro? 4b6f5j
Na verdade, quando me encontrei com a Celine pela primeira vez, achei que ela fosse me escalar como o Harry. Ela perguntou: "Qual papel você prefere?" E eu disse: "Gosto mais do John, mas tudo bem se você quiser que eu seja o Harry." Os dois papéis são ótimos, mas eu me sentia mais atraído pelo John. Felizmente, ela também achava isso.
O que você gostou no personagem? 2ac25
O John tem mais vulnerabilidade, mais dor. Ele é um cara que não chegou onde queria na vida. E é fácil bancar o "tanto faz", porque se você demonstra que se importa, precisa tentar. E se tentar, pode fracassar. Ele vive como se dissesse: "Vou te afastar antes que você me afaste." Mas ele não consegue evitar o que sente. Ele ama a Lucy. E itir isso — para ela e para si — exige coragem. É nesse risco que está o crescimento dele.
Interpretar o John te lembrou o início da sua carreira, tentando se firmar como ator? r5r6i
Com certeza. A motivação, as dúvidas, os colegas de quarto difíceis... tudo isso é muito familiar para mim. Eu sou mais aberto do que o John. Sou muito sensível, sabe? Sou um cara delicado. E, por causa disso, acabo me expondo demais como forma de lidar com as coisas. Já o John é mais fechado, mais defensivo.
Se você tivesse 37 anos, morando com um colega de quarto inável e fazendo bicos, ainda tentaria seguir como ator? 3yq3t
Não sei como eu lidaria com isso. Mas tenho certeza de que ficaria muito frustrado. Ficaria na defensiva, mais endurecido, tentando me proteger da sensação de inadequação por ainda não ter alcançado meus sonhos. E aí, se o seu parceiro romântico também começa a apontar suas falhas... é demais.
Fale sobre a cena no celeiro perto do fim do filme, em que John e Lucy têm uma conversa dolorosa, mas necessária. 3c404z
Uma das coisas que mais amo na Celine é que ela filma em 35mm. Vidas adasera lindíssimo. E quando você chega no set à noite, vê aquelas luzinhas penduradas e sabe que está em um enquadramento de filme... você sente que aquilo é especial. A cena é muito vulnerável, uma declaração honesta de amor, mesmo sabendo que ele não tem o que ela procura. É desesperado, é cru, é doloroso. Mas, como ator, você busca na sua própria vida experiências parecidas, para sentir esse nível de exposição, de honestidade — coração na mão. E isso geralmente leva às lágrimas. [risos]
Filmar em película 35mm também eleva a pressão, certo? 1j123l
Com certeza! E é isso que dá romantismo ao cinema. Eu gosto de saber que há uma quantidade limitada de filme. Gosto de ver os rolos sendo trocados na câmera, de checar se está tudo certo. Gosto dessas imperfeições, de coisas saindo um pouco do foco e não podendo ser "consertadas" na pós. Isso é arte de verdade.
O que diferencia Amores Materialistas de outros filmes românticos? O roteiro da Celine parece trazer outra visão sobre o amor. 3r55b
A maioria das comédias românticas mostra uma versão idealizada do amor — o que é ótimo para escapar da realidade, mas não reflete a realidade. Este filme tem uma visão mais realista, mais pé no chão, menos ingênua.
Acho muito mais relacionável para quem vive o amor hoje em dia. O cenário do amor moderno é difícil. Muitos dos padrões sociais que mantinham casamentos juntos foram desconstruídos. Hoje, tudo depende de compatibilidade — e isso facilmente vira um cálculo, um algoritmo, e não uma questão do coração.
A Lucy diz, logo no começo do filme, que amar é fácil, mas namorar é difícil. Isso resume bem o tema do filme? 6t2p2y
Disse tudo. Amar vem do coração. É claro. É binário. Namorar é quando entra a matemática, o raciocínio. É a mente entrando no jogo. E tentar conciliar o que a mente precisa com o que o coração quer... é confuso.
Neste verão, você também estrela o thriller Honey Don't!, dirigido por Ethan Coen. É uma mudança de rumo na carreira? 151y
Espero que sim. No fim das contas, tudo se resume a trabalhar com bons diretores. Há centenas de motivos para aceitar um filme — um papel incrível, um roteiro engraçado, um produtor bacana... Mas às vezes você tenta forçar, ver se dá para fazer sentido. A única coisa que realmente importa é o diretor. É isso que estou buscando agora. Se gosto do trabalho do diretor, estou dentro.
Você dirigiu um drama romântico, Antes do Adeus, há dez anos. Esse é um gênero que você curte particularmente? 3w2j1x
Naquela época, eu queria dirigir, mas também estava sendo pragmático: eu precisava aprender. Nunca fiz faculdade de cinema. Estava entrando em uma área onde não tinha experiência. Então senti que devia mais respeito ao título de diretor do que simplesmente assumir algo que talvez não conseguiria realizar. Antes do Adeus era um roteiro contido: duas pessoas, Nova York, filmagens noturnas — algo que parecia viável. Eu amava o tema, mas a motivação também foi prática.
Dirigir é algo que você ainda quer fazer? 133r3i
Com certeza. Mas o problema é que tenho umas cem outras coisas que também me interessam. Sou um pouco inconstante. Tem dias em que acordo querendo dirigir, e outros em que acordo querendo aprender carpintaria. [risos], na verdade, depende dos filmes que vejo.
Quando vejo um filme incrível, inspirador, minha vontade de dirigir volta com tudo. Mas se eu o um tempo sem assistir nada, meu foco vai embora.
O que faria de diferente se dirigisse um novo filme hoje? 33155b
Com certeza me arriscaria mais. Seria mais confiante em relação ao que quero ver na tela. Mas é isso que torna intimidante voltar: porque, na segunda vez, você tem que fazer diferente. Não dá para repetir. É um processo que exige demais — preparação, filmagem, pós-produção. Fazer tudo de novo sem fazer bem feito seria um desrespeito comigo mesmo e com meu tempo. E isso pesa.
O que mais te marcou no trabalho com Celine Song? O que destaca nela como diretora? 1h4v1z
Convicção. Ela sabe exatamente o que quer. Já trabalhei com muitos diretores com ideias boas, apaixonados, mas que são flexíveis demais — querem colaborar a todo custo, achar um meio-termo. E não que a Celine não colabore, mas ela tem confiança nos próprios motivos. Não existe uma palavra no roteiro que seja à toa. Tudo é pensado. E, no começo, leva um tempo para você entender isso, mas depois que confia nela, você se entrega. Começa a pensar: "Ela mandou pular? Ok, vou só perguntar quão alto." Na minha opinião, ela está dois a zero.
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